A notícia de hoje tem como tema as consequências de uma política externa extremamente agressiva adotada pelos EUA, evidenciando o processo e as mudanças no sistema financeiro mundial acarretadas por este comportamento.
Esperamos que gostem e participem,
Nathália Marques e Lucas Thomaz - Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
No momento, mais de 70% de todas as transações são efetuadas em dólares, sendo 20% das transações efetuadas em euros e 10% em moedas asiáticas, inclusive em yuans.
Agora, a China está se preparando para próximo passo, ou seja, passar a efetuar pagamentos por fornecimentos físicos do petróleo em moeda nacional, ao invés do dólar.
Vale destacar que se trata não somente de hidrocarbonetos: nas relações comerciais entre os dois maiores parceiros financeiros, Moscou e Pequim, o dólar vem perdendo suas posições. No ano passado, a China foi responsável por 15% do comércio exterior da Rússia. De acordo com estimativas, em 2018 este indicador deve subir até 17%, enquanto o desempenho do dólar vai enfraquecer.
Irã 'bane' dólar
Em abril, Teerã rejeitou a moeda norte-americana e passou a usar o euro em todos os pagamentos internacionais.
"Até mesmo antes disso o dólar no Irã já não era uma moeda muito usada, já que os comerciantes optam por moedas alternativas em suas transações. Já não há motivos para continuar usando faturas em dólares", afirmou o representante do Banco Central do Irã, Mehdi Kasreipur.
Washington introduziu novas sanções contra Teerã, porém, a Europa não pretende deixar de usar o petróleo iraniano, tendo efetuando contratos com o país em euros, em vez de dólares.
A Índia também efetua pagamentos pelo petróleo iraniano em euros. A economia do país tem crescido rapidamente, exigindo cada vez mais petróleo.
Para contornar as sanções, a Índia propôs para o seu terceiro fornecedor mais importante efetuar pagamentos pelo petróleo em rupias através do banco estatal UCO Bank. Nova Deli afirmou que seguirá cumprirá somente as sanções da ONU, mas não as introduzidas por algum outro país.
A Turquia também vem elaborando planos para deixar de usar o dólar, tendo passado a usar as moedas nacionais nos pagamentos mútuos com o Irã.
Reservas de ouro
Ao mesmo tempo, a Turquia tem diminuído a dependência do dólar ao comprar ouro no mercado mundial. De acordo com os dados do Conselho Mundial do Ouro, no ano passado o Banco Central da Turquia adquiriu 187 toneladas do metal precioso, se tornando assim o segundo maior comprador deste ativo, seguindo a Rússia.
Em abril deste ano, o Banco Central da Turquia retirou suas reservas de ouro do Sistema de Reserva Federal dos EUA. Agora, outros países estão fazendo o mesmo. A Alemanha concluiu o programa da retirada de suas reservas de ouro dos EUA, reavendo 300 toneladas deste metal. A Holanda também repatriou cerca de 100 toneladas de ouro.
A fuga do ouro do Sistema de Reserva Federal dos EUA, que começou em 2014, está continuando praticamente sem interrupção. Os motivos são evidentes: o crescimento das taxas do sistema, a pressão sobre o euro e outras moedas por parte dos EUA ou o agravamento de riscos geopolíticos. O mundo tem buscado diminuir sua dependência do dólar.
A Rússia, acumulando 1.860 toneladas de ouro, subiu para o 5º lugar neste ranking.
"Tenho certeza que a reinicialização global começará quando os governos mundiais precisarem se livrar das dívidas e passarem a correlacionar tudo ao preço do ouro. É por isso que tais países como a Rússia e a China estão acumulando ouro – por saberem o que pode acontecer daqui a alguns anos", assinalou Keith Neumeyer, CEO do First Mining Gold.
Afastar do pódio
Segundo as estimativas do Banco Mundial, o dólar deixará de desempenhar o principal papel no sistema financeiro mundial e será substituído por um sistema composta de três moedas: euro, dólar e alguma moeda asiática (talvez o yuan).
De acordo com o que explicou o economista norte-americano e ex-conselheiro do Fundo Monetário Internacional, Barry Eichengreen, o dólar vem perdendo suas posições de principal moeda internacional com o poder das tecnologias financeiras modernas, que têm destruído os "efeitos de rede" que criaram um monopólio do dólar natural. O analista comparou este processo com o desenvolvimento de sistemas operacionais – já não é necessário usar somente o Windows.
Vale ressaltar que o dólar passou a desempenhar o papel de moeda internacional de reserva em 1944, substituindo a libra. Então, o Reino Unido acumulou dívidas pesadíssimas e a libra acabou caindo.
No momento, a dívida dos EUA já superou US$ 20 trilhões (R$ 74 trilhões) e continua crescendo. Sendo assim, a moeda norte-americana tem ficado cada vez menos atraente, segundo vários analistas. Estima-se que o dólar perca o estatuto de moeda de reserva até 2030.
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