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quarta-feira, 24 de maio de 2017
Ciclo EPSMS | Os Trabalhadores no tribunal; justiça do trabalho e conflito social.
Olá alunos,
A noticia de hoje vem convidá-los para a palestra “Os Trabalhadores no tribunal; justiça do trabalho e conflito social”, promovida pelo Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ, com a ilustre presença do historiador Fernando Teixeira da Silva, que falará sobre a justiça do trabalho e o conflito social. A palestra faz parte do ciclo “Estado, políticas sociais, movimentos sociais; história e atualidade” e acontecerá no dia 26.05.2017, às 14h, no CBAE/UFRJ.
Teixeira da Silva é professor de História da UNICAMP e pesquisador sobre a justiça do trabalho. Recentemente lançou o livro “Trabalhadores no Tribunal. Conflitos e Justiça do Trabalho em São Paulo no Contexto do Golpe de 1964” pela Alameda Editorial. A publicação trata da atuação do TRT-SP diante das demandas de trabalhadores urbanos e rurais, sobretudo durante o fim do governo de João Goulart.
A debatedora será a antropóloga Elina Pessanha. Além da ampla experiência de estudo no campo de trabalho e resistência operária, Elina Pessanha dirige o Arquivo de Memória Operário do Rio de Janeiro da UFRJ.
A participação é gratuita e não é necessário fazer inscrições prévias para a atividade. O ciclo é iniciativa dos professores José Sergio Leite Lopes e Beatriz Heredia, diretor e vice-diretora do CBAE, respectivamente.
Esperamos que gostem e participem,
Caio Malta, monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
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segunda-feira, 22 de maio de 2017
Seminário "Desafios da política fiscal para a retomada do crescimento" promovido pelo IBRE-FGV
Olá alunos,
A notícia de hoje vem convidá-los para o seminário "Desafios da política fiscal para a retomada do crescimento”, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV, a se realizar dia 31 de maio no Centro Cultural da FGV.
O Brasil inicia um processo de estabilização econômica frente à forte recessão iniciada em 2014. A recessão ensejou uma série de desafios à política fiscal que não se encerram com a perspectiva de recuperação econômica. Qual a melhor forma de conduzir a política fiscal nesse momento? Qual a composição do ajuste a ser feito e quais reformas estruturais devem ser priorizadas? Como aperfeiçoar o federalismo fiscal e recuperar os Estados em crise? Quais os impactos macroeconômicos dessa agenda?
O debate dessas questões permitirá que a sociedade priorize um conjunto de iniciativas que possa recuperar o crescimento em bases sustentáveis, reduzindo a pobreza, as desigualdades sociais e preservando o funcionamento adequado dos serviços públicos essenciais.
Esperamos que gostem e participem,
Caio Malta, monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
sábado, 20 de maio de 2017
Entenda o golpe de mestre de Joesley Batista via Teoria dos Jogos
Olá alunos,
A notícia de hoje apresenta uma leitura diferenciada da dinâmica de delações premiadas, em especial a ocorrida nesta semana, na qual o conglomerado JBS delatou diversos esquemas de vantagem indevida à agentes públicos do alto escalão da República. Por meio da Teoria do Jogos, o Processo Penal pode ser compreendido de forma bem diferente, uma vez que as repercussões econômicas e jurídicas geradas pelos acordos premiados poderiam afetam positivamente alguns agentes do mercado, inclusive a própria delatora e seus sócios.
O colunista é juiz em Santa Catarina e autor do livro "Guia do Processo Penal conforme a Teoria dos Jogos", publicado neste ano pela Editoria Empório do Direito.
Esperamos que gostem e participem,
Caio Malta, monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
O empresário Joesley Batista deu um xeque-mate. Fez uma jogada de mestre. A perplexidade de alguns contracena com a ação eficiente de Joesley, sócio da JBS, para salvar seu grupo empresarial e sua liberdade, típica de quem domina a lógica do novo modelo de compra e venda de informações. Farei uma análise via Teoria dos Jogos, tema que tenho procurado estudar. Sou favorável à delação premiada, embora reconheça que há certa ambiguidade e ausência parcial de regras claras sobre o modo de produção desse modelo negocial. Para entender o êxito da estratégia definida por Joesley e seus advogados, seguirei o seguinte trajeto:
1) as investigações estavam chegando aos interesses de seu grande conglomerado empresarial, cujos lucros foram de R$ 4,6 bilhões em 2015 e de R$ 694 milhões em 2016, sendo necessário agir para (i) manter a vitalidade da empresa e (ii) mitigar os efeitos da ação penal sobre a liberdade dos sócios;
2) para obter a estratégia dominante/dominada, abrem-se duas táticas: (i) passiva: aguardar o desenrolar das investigações, tomando-se medidas preventivas, arriscando-se em um processo penal cujos estragos seriam postergados no tempo (que custa dinheiro), com a real possibilidade de sanções patrimoniais e principalmente a prisão dos envolvidos internamente, dentre eles Joesley; (ii) ativa: agir para produzir material capaz de ser trocado no mercado da delação premiada, atualmente em pleno funcionamento no sistema processual penal brasileiro. A escolha foi pela segunda opção, lançando-se a campo. Na avaliação de riscos, a tática adotada é a dominante para qualquer um que pense como um “homem de negócios”;
3) adotada a tática ativa, surge a necessidade de que as informações tenham valor de troca, ou seja, de que seja possível chamar a atenção dos compradores (Ministério Público e Polícia Federal) pela qualidade e relevância, bem assim do fator impacto de seu conteúdo;
4) inventariar a informação exigia um duplo movimento entre o passado e o futuro. De um lado, levantou-se o que tinha de informação capaz de chamar a atenção dos compradores e, por outro lado, diante da oportunidade de consolidar as informações produzindo gravações que seriam a prova real, agiu de modo eficiente. O portfólio de provas a se mostrar foi bem desenhado, contando com a coprodução de agências estatais, capazes de atestar a regularidade e a cadeia de custódia: ação controlada, monitoramento do dinheiro por chip etc. Como bom negociador do mercado, o delator sabia que precisava de algo raro, valioso e irrefutável;
5) no atual contexto, nada melhor do que gravações de conversas para causar o impacto direto, irrefletido, imediato e avassalador. Se não há o produto, seria necessário o criar. A produção de material probatório então precisava de uma estratégia de aquisição que, habilmente, contou com o planejamento estratégico de ações, coordenadas para comprovação das conversas, devidamente gravadas, a entrega de dinheiro, previamente identificado e com localização por chip eletrônico, tudo para comprovar a cadeia de custódia do dinheiro. Delineado o curso tático, promoveu-se com pleno êxito, juntando-se, em ordem: a) conversas gravadas indicando a realização das condutas; b) efetivação das ações programadas; c) filmagens e monitoramento eletrônico do trajeto do dinheiro; c) preservação das fontes e do material produzido;
6) a consolidação do material de alto valor fez com que fosse possível, invertendo a tendência passiva, a negociação dos termos finais da delação, mediante cooperação, pagamento de multa relevante, mas incapaz de impedir a continuidade das atividades, evitando-se, ainda, a prisão. Xeque-mate desferido, rei encurralado, delação homologada, segue-se adiante com novos desafios do mercado. Aliás, com informação privilegiada sobre corte de juros e alta do dólar, o que fez o nosso personagem: utilizou a informação para operar seus interesses, “rifando” o Brasil, como aponta o jornal Valor Econômico.
Os juristas do processo penal baunilha não entendem muito bem como isso se passa. Tenho insistido em ler o processo penal pela via da Teoria dos Jogos justamente para indicar um design de compreensão dos processos penais reais, cujo palco probatório deixou de ser no Poder Judiciário, para se resolver na fase de investigação, onde uma gravação vale ouro, a saber, gravações são o novo Habeas Corpus.
O império da tecnologia e das múltiplas possibilidades de gravação fizeram com que, se alguém quer agir de modo a se precaver ou se garantir, deva começar a gravar tudo e todos, em qualquer situação, dado que isso pode ter valor no futuro. Não se trata mais de produção de verdades, mas, sim, de pura análise de custo-benefício em face de um processo penal transformado em um balcão de negócios de compra e venda de informações, pena e liberdade.
P.S. Você pode ser perguntar por que alguns meios de comunicação que sempre defenderam os protagonistas, agora, inverteram o jogo. A questão é meramente econômica: a) a informação é relevante e com gravações, hot notícia; b) quem der o furo da informação ganha mais acessos e melhora a audiência; c) a JBS é um anunciante importante aos meios de comunicação; d) na análise de custo-benefício, não há questões morais ou éticas; e) quando o time está perdendo, economicamente, vale a pena mudar de lado e ganhar. Eis o jogo do mercado midiático. Ler Ramonet ajudaria a compreender.
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