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sábado, 7 de março de 2015

Para Reinhard Loske, economista e ambientalista: "Consumo além do necessário é doença social"



Olá alunos,

Está em alta na Europa os estudos relacionados ao "descrescimento econômico". A postagem de hoje busca analisar seus objetivos e significado.

Esperamos que gostem e participem.

Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense


"Nasci numa pequena cidade da Alemanha em 1959. Até o final dos anos 1990 dediquei a vida a estudos de clima, ambiente e sustentabilidade. Em 1998 concorri ao Parlamento e tive sorte porque o Partido Verde integrava o poder. Participei de reformas como imposto verde e o programa de extinção da energia nuclear".

Conte algo que não sei

Está em alta na Europa um movimento pelo "descrescimento" econômico, que é novo mas já é bem forte. Houve uma conferencia internacional sobre isso em outubro passado em Leipzig, com pessoas do mundo todo.

O que é exatamente?

Prefiro chamar de sociedade pós-crescimento. prevê uma redução efetiva da produção e do consumo. há limites para o crescimento do ponto de vista do meio ambiente, além dos aspectos cultual e econômico. Muitas já entendem que o consumo além do necessário é mais sinal de doença social do que de uma sociedade desenvolvida.

Quais são os sintomas?

As pessoas não vivem melhor, não são mais felizes. Pesquisas mostram um descasamento entre crescimento econômico e bem-estar. As finanças dos países indicam o PIB basicamente como produção e consumo, mas há efeito colaterais que não são computados, como mudança climática e poluição, com impacto na saúde publica. Índices que deveriam entrar na conta com um sinal de menos. Hoje, se uma pessoa bate o carro numa árvore, é bom para o PIB porque ela vai ter que comprar um novo. 
Por que esse movimento surge na Europa, que luta para retomar o crescimento?

Nos anos 1970, a mensagem era simples: se a humanidade continuar a poluir e multiplicar a demanda sobre fontes naturais, iremos ao colapso. Era uma visão pessimista. O debate atual na Alemanha, na Inglaterra e até nos EUA é mais otimista. Ele busca alternativas, como a economia de compartilhamento, que é baseada em coisas que todos usam, como carros, máquinas, dispositivos ou jardins. A ideia é: se você divide recursos precisará de menos coisas.

No Brasil, carro ainda é o sonho de muita gente. Dividir um faz alguém feliz?

Há uma mudança cultural, sobretudo entre os jovens. Eles querem usar coisas, não tê-las. Querem mobilidade, não um carro. Lidar com a terra, mas não com um jardim para cada um. Querem superar a competição da economia velha de quem tem a grama mais verde, e avançar com inteligência.

Sustentabilidade é assunto recorrente há décadas, mas o modelo não muda...

O sistema financeiro e os orçamentos públicos têm o crescimento como imperativo. Ou é ele, ou a certeza do colapso.

É mais fácil defender isso num país desenvolvido?

É possível substituir muita coisa recursos renováveis e encontrar o equilíbrio certo. É claro que isso é mais difícil onde há mais pobreza. No entanto, há hoje uma classe consumidora global vivendo nos países ricos, mas também na China ou aqui, na Zona Sul do Rio. Temos ricos globalizados e pobres locais. Os ricos consomem igualmente em qualquer lugar do mundo. Eles têm a responsabilidade de promover o uso mais racional dos recursos para, ao mesmo tempo, garantir o básico aos pobres

Problemas como crise de fornecimento de água em grandes cidade brasileiras podem levar a mudanças de atitude?

Se faltar algo essencial, como água, as pessoas param para pensar. A catástrofe é catalisadora, mas é há que ser ter alternativas. Quando não há saída, as crises não são suficientes para criar mudanças. Por exemplo, olho para o sol do Rio, tenho medo de me queimar, mas penso no seu potencial. Vocês, contudo, parecem preferir as hidrelétricas e térmicas.

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