Olá alunos,
A Europa consome 70% do petróleo e 65% do gás exportado pela Rússia, porém, a crise na Crimeia já levou os estados europeus a buscarem alternativas à esse país. A postagem de hoje expõe algumas dessas possibilidades de fontes energéticas.
Esperamos
que gostem e participem.
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
A Europa consome 70% do petróleo e 65% do gás exportado pela
Rússia, país que se tornou uma dor de cabeça para os líderes do continente
desde o início da crise na península da Crimeia, na Ucrânia.
A região aprovou em um referendo sua anexação à Federação Russa - que, por meio de um tratado assinado pelo seu presidente, Vladimir Putin, aceitou incorporar a região autônoma, até então parte do território ucraniano.
Isso levou a Europa e os Estados Unidos a aplicarem sanções comerciais e econômicas ao governo de Putin, e entre elas está a redução da importação de recursos energéticos.
Em teoria, a Rússia poderia retaliar com a interrupção completa do fornecimento de gás e petróleo aos países do bloco europeu, mesmo que isso signifique perder 54% das receitas com exportações do país.
Hoje, estas exportações financiam pouco menos da metade de
todo o orçamento anual federal russo.
Mesmo que essa medida seja improvável, a crise já levou a Europa a buscar alternativas à Rússia. A BBC Mundo lista algumas delas:
Gás de xisto dos Estados Unidos
Em sua passagem por Bruxelas, na última quarta-feira, o
presidente americano, Barack Obama, ofereceu ao continente um tratado comercial
que permita a exportação de gás de xisto para substituir o gás fornecido pela
Rússia.
Estima-se que os EUA se tornarão, em 2020, o principal produtor de gás de xisto do mundo e, assim, poderia exportar esses recursos ao continente sem dificuldades.
Mesmo assim, Obama advertiu: "A Europa tem que usar melhor seus recursos naturais para não depender de ninguém".
Um dos problemas com essa alternativa é a técnica de produção deste tipo de gás e petróleo, conhecida como "fracking", que é condenada por ambientalistas por usar produtos químicos para sua extração das rochas, o que poderia afetar o subsolo.
Em janeiro, a Comissão Europeia recomendou, por meio de uma resolução, que os países-membros do bloco legislem sobre a questão.
Na Europa, mas de fora do bloco, o Reino Unido parece já ter tomado sua decisão. Na última quinta-feira, o primeiro-ministro britânico David Cameron disse que "a extração de gás de xisto deve se tornar o ponto número um da agenda energética" do país, mas esclareceu que a ilha não depende do gás russo.
Gás e petróleo da Argélia e do Catar
Os dois países tinham, até agora, um papel importante no
mapa energético europeu, mas não eram seus protagonistas.
Hoje, a Argélia é o terceiro maior fornecedor de gás para a Europa. Na Espanha, 36% do consumo é abastecido pelo país africano.
Além disso, a Argélia tem uma vantagem: o produto do país é conhecido como gás natural líquido, ou GNL, que não sofre a resistência ambiental do combustível obtido por meio do "fracking".
O Catar está na mesma posição vantajosa, porque é o maior produtor mundial de GNL e hoje é um importante parceiro da Europa. Mas o Catar tem um sério empecilho: um de seus principais gasodutos passa pela Síria e foi afetado pela guerra no país árabe.
"O problema de depender de países de fora do continente é que não temos influência sobre sua situação política, que muitas vezes é volátil, como é o caso atual da Síria, Argélia e de outros países do Oriente Médio", afirmou Jacopo Moccia, diretor de assuntos políticos da Associação Europeia de Energia Eólica (EWEA).
Energia eólica
Segundo dados da EWEA, espera-se que até 2030 cerca de 30%
da energia consumida no continente venha do vento.
Mas há um problema: a energia eólica só serve, até o momento, para ser transformada em energia elétrica.
"Somos uma tecnologia barata, madura e competitiva na
Europa", disse à Moccia. "Ainda assim, é fundamental que se deixe de
importar combustíveis fósseis como gás e petróleo para desenvolver ainda mais
essa fonte de energia."
Hoje, 8% da eletricidade da Europa vem da energia eólica, mas isso varia bastante no continente: enquanto a Dinamarca obtém 30% da sua energia elétrica desta forma, Malta não a usa.
"Os países precisam diversificar suas fontes de energia. Essa crise é uma oportunidade para isso", agregou Moccia.
Energia nuclear
A Rússia é o principal produtor de urânio enriquecido, que é
fundamental na produção de energia nuclear, e também o principal fornecedor
desta matéria-prima para a Europa, onde hoje 132 reatores nucleares produzem um
terço da energia do continente.
A Rússia já fez uma ameaça quanto a isso. "Tendo em vista as medidas tomadas contra o governo russo, os contratos atuais poderiam ser cancelados", afirmou o presidente da empresa estatal nuclear russa Rosatom, Sergei Kiriyenko.
Além disso, após o desastre nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011, cidadãos de diversos países europeus protestaram pedindo o fechamento de reatores. A Alemanha, por exemplo, fechou diversas centrais nucleares.
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